terça-feira, 30 de junho de 2009

Bom Dia DF
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Terça-feira, 30/06/2009

Os usuários dos serviços da empresa Transbrasiliana reclamam que não conseguem embarcar gratuitamente. A companhia já foi notificada pelo Procon e multada pela

sexta-feira, 26 de junho de 2009

SPTV 2ª Edição

Terça-feira, 23/06/2009

Em 2008, dez mil idosos tiveram fratura de fêmur no Estado de São Paulo. Os números, divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde, servem como alerta neste Dia Mundial de Prevenção de Quedas.

terça-feira, 23 de junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

Dia Mundial de Combate à Violência aos Idosos

Dia Mundial de Combate à Violência aos Idosos - 15/06/2009 21h21


Pernambuco // PROGRAMAÇÃO

Atividades no Recife marcam o Dia de Combate à Violência Contra o Idoso

Publicado em 15.06.2009, às 11h00

Do JC Online Com informações da Rádio Jornal e da TV Jornal Como parte do Dia Mundial de Combate à Violência Contra o Idoso, várias atividades estão sendo realizadas no Recife durante esta segunda-feira (15). A abertura da programação ocorreu pela manhã na Estação Central do Metrô, no bairro de São José, com estandes da Delegacia do Idoso e da Defensoria Pública.

"A intenção é a divulgação e a sensibilização das políticas públicas do idoso que existem no nosso país", afirma Amparo Araújo, secretária de Direitos Humanos do Recife. Durante a ação no Metrô, os idosos também tiveram à disposição uma feira de serviços. "Estamos tentando garantir o acesso à informacao, à saude, à previdencia social, à cultura, ao esporte e ao lazer", diz Araújo.

Segundo o delegado Eronildo Farias, titular da Delegacia do Idoso no Recife, cerca de 400 boletins de ocorrência já foram registrados somente este ano. Desde 2002, já foram feitas mais de 5,8 mil denúncias de violência contra o idoso em Pernambuco.

As atividades no Dia Mundial de Combate à Violência Contra o Idoso prosseguem durante a tarde no Aeroporto Internacional do Recife.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Exemplo de vitalidade

Segunda-feira, 15/06/2009 Conheça a Vovó Neuza, que tem dois blogs e entende tudo de internet.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Todos os artigos sobre Arquitetura Inclusiva:

aiba mais : www.arquiteturainclusiva.com.br
Todos os artigos sobre Arquitetura Inclusiva:

Casa para a vida toda? Para todos?
por Redação do Fórum da Construção

A Medida Provisória nº 459/2009 refere-se ao Programa minha casa minha vida, iniciativa do Governo Federal. Ela ainda não foi votada na Câmara dos Deputados e apesar de haver 307 emendas apresentadas, nenhuma se refere à garantia de equidade para pessoas com deficiência, que representam 14,5% da população total do Brasil ( equivalente a 27 milhões de pessoas).

Acessibilidade universal
por Rafael Villar

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 24 milhões de brasileiros ou 15% da população possuem mobilidade reduzida temporária ou permanente. Um universo que cresce ainda mais se incluirmos os idosos, obesos e as gestantes.

Idosos : Conforto e autonomia em casa!
por Arq. Ana Lúcia Dias de Andrade

A terceira idade, ou melhor idade, ou ainda idade do grisalho pode ser bem mais confortável em casa se adaptarmos corretamente alguns detalhes. Vale lembrar que o índice de acidentes caseiros com idosos, acima de 50 anos, é de 75%* e isso não é brincadeira!

Projeto inclusivo de verdade
por Arq. Dra. Sandra Perito

A promoção da acessibilidade na arquitetura não é um tema novo, mas ainda é, relativamente, difícil de colocar em prática. Prevista no Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257, de 2001), já estava na pauta do programa de necessidades em projetos de grandes empresas, que tinham de adaptar suas dependências para receber os deficientes físicos que passaram a ter de contratar, por força da Lei 8.213, de 1991.

Arquitetura inclusiva : Casa para o idoso.
por Engº Francisco Maia Neto

"Devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice". Esta frase, de autoria do conhecido filósofo grego Platão, nos leva a refletir sobre o descaso dado pela sociedade ocidental, de forma geral, às pessoas de terceira idade.

A arquitetura como instrumento de inclusão social
por Arq. Dra. Sandra Perito

Os progressos da medicina têm permitido que cada vez mais pessoas tenham a vida prolongada, acarretando uma profunda mudança no perfil demográfico da sociedade brasileira: pessoas idosas representam, hoje, uma significativa parcela da população.

Crise? Momento ideal para novos mercados, novos desafios. Para os profissionais e para a indústria.
por J. Osíris Thomaz de Almeida

Onde estão as novas oportunidades de mercado em momentos como o atual? Como, e para onde diversificar as linhas de produtos? Existem novos nichos que arquitetos, engenheiros, profissionais enfim, podem buscar?

Projeto piloto comprova viabilidade econômica da casa universal

A construção do protótipo teve como um dos principais objetivos desmistificar o preconceito que construir uma moradia dentro dos padrões universais oferece mais custo ao empreendedor. O custo é praticamente o mesmo da construção convencional e nem sempre é necessária uma área maior.

1ª Jornada Nacional de Arquitetura Inclusiva : quanto representa economicamente esse mercado no mundo imobiliário ?

Pela primeira vez, a Arquitetura Inclusiva será analisada sob o ponto de vista econômico, porém sem deixar de lado o debate sobre a premissa fundamental do projeto arquitetônico humanístico de compreender a diversidade humana, colocando em perspectiva esse segmento do mercado da construção diante do pragmático mundo dos negócios.

Curso de Arquitetura Inclusiva - Teoria e Prática

O Instituto Brasil Acessível realizará o Curso Arquitetura Inclusiva - Teoria e Prática, voltado para profissionais e estudantes de arquitetura, divulgando os princípios do universal design nos dias 23 e 24 de setembro de 2008 e será ministrado pela Arq. Dra. Sandra Perito.

Serviço online permite que cegos naveguem na Internet de qualquer computador

As visões do futuro da tecnologia não envolvem estar amarrado a um único computador de mesa. As pessoas se movem dos computadores de casa para os computadores do trabalho e se utilizam de dispositivos móveis; quiosques públicos já aparecem nas bibliotecas, escolas e hotéis; e cada vez mais as pessoas armazenam tudo na Web, dos e-mails às suas planilhas eletrônicas.

Espaços Sentidos Universais

A Casa Cor SP 2008 , que acontece no Jockey Club de São Paulo até 9 de julho, se transformou na "Villa de Casas", desenvolvida a partir dos temas da sustentabilidade e da acessibilidade, traz 69 ambientes criados por 88 profissionais, dentre eles, a arquiteta Sandra Perito, presidente do Instituto Brasil Acessível, despertando de forma inovadora o entendimento dos visitantes para a acessibilidade..

Atenção, profissionais da construção: chegou a Cartilha da Acessibilidade

A Associação Nacional dos Membros do Ministério da Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência, AMPID, colocou à disposição em seu site, para download, o conteúdo da Cartilha da Acessibilidade. Um subsídio para Promotores de Justiça e auxílio para profissionais da construção civil no cumprimento de normas técnicas e legislação em vigor visando a acessibilidade.

Lançamento do livro - Acessibilidade nos Municípios - como aplicar o Decreto 5296/04

Será lançado nesta sexta-feira, 4 de abril de 2008, a partir das 11:30h, no 52º Congresso Estadual dos Municípios de São Paulo o livro "Acessibilidade nos Municípios - como aplicar o Decreto 5296/04", em Santos (SP).

Daud lança pisos especiais para saídas de emergência e rotas de fuga

Seguindo o que determina a norma NBR 9442/86 , atendendo a instrução técnica 10/01 - CMAR – Controle de Materiais de Acabamento do Decreto Estadual 46.076/2001 do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar, a Daud desenvolveu em seu processo fabril o piso de borracha de “Classificação A”, especialmente indicado para utilização em:

Ergonomia é fundamental em respeito ao cliente!
por Arq. Ana Lúcia Dias de Andrade

Ergonomia em casa, visa o real conforto no amplo sentido de habitar! O indispensável é manter olhar atento à segurança, e maior funcionalidade de cada “posto de trabalho” no lar, exemplos:

Projeto obriga construção de apartamentos para deficientes

A Câmara analisa o Projeto de Lei 1137/07, do deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), que obriga as empresas de construção civil a reservar dois apartamentos adaptados para portadores de necessidades especiais, em edifícios habitacionais de uso coletivo, a cada 48 unidades. O projeto altera a Lei de Acessibilidade ( 10.098/94).

Piso Tátil por quê?
por Adv. Elizabeth Daud Elias

Sabemos que as cidades não foram projetadas para portadores com deficiências, mas acreditando que conviver e respeitar as diferenças nos possibilita mudar este contexto. Dar autonomia para portadores com deficiências visuais e com dificuldades locomotoras é o papel de todo nós.

Lançamento do livro - Desenho Universal -

A Editora Senac São Paulo e a Livraria Cultura Convidam para o lançamento do livro "Desenho Universal" Métodos e Técnicas para Arquitetos e Urbanistas - da Arquiteta Silvana Cambiaghi.

1º Workshop de Arquitetura de Informação, Acessibilidade & Usabilidade

- O usuário como centro das atenções - A internet está em constantes mudanças e sempre evoluindo. Hoje a web está tomando um novo rumo, que pode ser apresentado como "foco no usuário".

A Igualdade Começa pelo Planejamento da Cidade

Ao longo das décadas, a produção das diferenças entre os homens se tornou muito mais visível, “a historia de qualquer sociedade até nossos dias é a história da luta das classes” (K.Marx) e essas lutas se desenrolam na cidade, nascedouro da burguesia e do proletariado industrial.

Projeto de sistema estrutural de orientação urbana para deficientes visuais

A falta da visão, sentido que representa cerca de 87% das informações que são absorvidas no nosso dia a dia, cria grandes mudanças no modo de se entender e perceber o mundo.

Joystick virtual substitui mouse por comandos de voz

Comandar o computador através da voz não é nenhuma novidade. Programas desse tipo acompanham as placas de som desde o tempo em que elas processavam apenas sinais de 8 bits. A própria IBM colocou seu programa de reconhecimento de voz em domínio público.

Conheça o primeiro projeto com aplicação do Universal Design lançado no Brasil
por Arq. Dra. Sandra Perito

Projeto tem como proposta demonstrar aplicação dos princípios do universal design no mercado brasileiro, com ênfase no conceito da "Casa para a vida toda” Atendendo aos princípios do universal design, foi lançado no Brasil o primeiro empreendimento habitacional, Universal Homeâ.

Acessibilidade e a Visão do Futuro

“Nada de incômodas barreiras, de estreitos e labirínticos corredores, que no dia anterior devia utilizar, ainda, o público por demais reduzidos”.

Programa transforma voz em linguagem de sinais

A IBM apresentou um novo programa de inteligência artificial capaz de transformar a voz do usuário em sinais para comunicação com deficientes auditivos. O programa foi desenvolvido por pesquisadores de diversas universidades inglesas, com o apoio da empresa.

Desenho Universal: reflexão e ação repercute no meio
por Maria Lucia Capella Botana

O primeiro artigo publicado no espaço “Desenho Universal” realmente levou à reflexão, à ação, ao debate de idéias. A quantidade e a qualidade dos comentários e a forma entusiasmada como o espaço foi recebido entre os profissionais, entidades e pessoas ligadas à questão da acessibilidade nos levou a transcrevê-los abaixo visando estimular a interatividade. E chegaram de várias partes, não só Brasil, também de Portugal, da Espanha, de pessoas cegas...Uma riqueza.

UNIVERSAL DESIGN NA ARQUITETURA
por Arq. Dra. Sandra Perito

A indústria da construção, para ser eficiente, deve conhecer as necessidades dos usuários finais, a fim de produzir produtos que a elas sejam adequados. Isso requer um conhecimento dos usuários alvos e da demanda de usos. E a questão maior é saber quais serão os ocupantes e quais tipos de necessidades e limitações eles podem ter.

Desenho Universal: reflexão e ação
por Marta Gil

Benvinda! Benvindo! Declaramos inaugurada a coluna “Desenho Universal”. O objetivo deste espaço, criado a partir de convite do Fórum da Construção, é discutir sobre o Desenho Universal, conceito ainda pouco conhecido e, provavelmente por isso mesmo, praticamente ausente do nosso cotidiano.

Moradias do futuro aliam conforto, segurança e também acessibilidade

Já é de conhecimento geral, a importância que tem a acessibilidade para tornar as moradias mais confortáveis e seguras para todos, independente de sua condição física. A grande questão é o que se fazer na prática, como aplicar no dia-a-dia algumas recomendações simples porém eficientes e algumas delas de baixo custo em nossas residências.

Acessibilidade e sua importância nos projetos de hoje e do futuro

Acessibilidade é um dos temas mais atuais e importantes no setor da construção civil. O assunto não é aplicado apenas na arquitetura e urbanismo mas, nesse campo, é cada vez mais discutido e deve ser tratado com seriedade. De modo geral, trata-se de permitir às pessoas com deficiência, definitiva ou temporária, participarem de atividades que incluem o uso de edifícios, produtos, serviços e informação.

Design Universal na Arquitetura
por Arq. Iberê M. Campos

O conceito de Design Universal relaciona-se ao “Design Inclusivo” e ao “Design para todos”. Significa um enfoque diferenciado para produtos, serviço e ambientes que podem ser usados por todas as pessoas independentemente da idade, habilidade ou condição de saúde.

Porta que otimiza espaço

As portas convencionais dos hospitais e, mesmo das casas, se apresentam como uma barreira arquitetônica a ser transposta por pessoas portadoras de necessidades especiais, sejam provisórias ou permanentes. A porta Ergon Community, em lançamento pelo EuroCentro, tem tecnologia inovadora e funcionamento sem similares no país

Arquitetura inclusiva : Casa para o idoso.

1ª Jornada Nacional de Arquitetura Inclusiva - nos dias 16 e 17 de Junho de 2009, cerca de 300 profissionais estarão de forma pioneira discutindo a arquitetura inclusiva pelo seu aspecto de importância financeira (consequentemente, de negócios): qual o valor desse mercado? Como a inovação e a prática de arquitetura inclusiva pode acrescentar valor? Qual o real valor de imóveis concebidos dentro desse conceito? Venha discutir conosco e quebrar seus paradigmas.
Saiba mais : www.arquiteturainclusiva.com.br

Em Arquitetura Inclusiva (veja mais 32 artigos nesta área)

Arquitetura inclusiva : Casa para o idoso.

Por Engº Francisco Maia Neto

"Devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice". Esta frase, de autoria do conhecido filósofo grego Platão, nos leva a refletir sobre o descaso dado pela sociedade ocidental, de forma geral, às pessoas de terceira idade.


Embora este seja um assunto que pareça não ter fim, portanto, será tratado em um contexto mais restrito, porém conhecido de muitos.

Uma situação bastante comum é quando um pai, tio, ou avô, já de certa idade e sem condições de residir, ou continuar residindo, sozinho, muda-se para a casa de seus familiares, não obstante existirem asilos e casas de repouso de excelentes condições, mas o carinho e a simples convivência no âmbito familiar são ótimos remédios, e algumas medidas podem ser mostras não só de carinho, mas também de atenção e preocupação com o bem-estar do idoso.

Não é segredo para ninguém que, ano após ano, nossa mobilidade, agilidade, força óssea e reflexos já não são mais os mesmos e, para os que pensam que não há muito o que se possa fazer sobre isso, procuramos apresentar algumas sugestões práticas para atenar a questão.

Um momento que costuma trazer apreensão aos demais moradores da casa é quando o idoso vai ao banheiro, trazendo o medo de um desmaio, escorregão ou algum outro problema, portanto, em primeiro lugar, se você estiver em busca de uma casa nova, dê preferência àquelas que possuam várias opções de banheiro, e se a residência tiver mais de um andar, cheque se todos os andares tem banheiros. Banheiros são perigosos pela possibilidade de escorregões.

Algumas medidas minimizam tal quadro, como a preferência aos adesivos antiderrapantes, ao lado do vaso sanitário, colocação de barras para apoio, a pia deve ser resistente e firme, já que ela também é comumente utilizada como apoio, dentro do boxe, se necessário, instale um assento, desde que ele seja fixo. Deve-se, ainda, estar sempre atento ao escoamento no ralo, já que o acúmulo de água pode gerar deslizamentos, e porta do boxe deve ser de correr, enquanto a do cômodo deve ter sempre uma cópia da chave ao alcance de todos.

No deslocamento pela casa, outras medidas que parecem simples podem se mostrar essenciais, evitando tapetes em corredores, o mesmo valendo para esculturas, vasos e mesas de canto. Não deixe as portas e paredes com a mesma cor, para serem melhores visualizadas e, nas maçanetas, as melhores no manuseio são as de alavanca, pois as redondas são mais duras que o desejável. Recomenda-se, ainda, que o chão seja de uma mesma cor, mas não se esqueça que muitos pisos são escorregadios, devendo ser dada atenção à altura onde objetos são guardados, que não podem estar muito altos, nem muito baixos.

Caso a casa ou prédio conte com uma área externa, o ideal é um local onde se possa caminhar e, se houver grama, ela não deve ser separada por muretinhas, uma vez que esses locais são um diferencial extremamente atrativo, já que, em certos casos, as saídas nas ruas tornam-se muito raras.

Esta lista de pequenos conselhos é uma forma de tentar, paralelamente, cuidar ainda mais do bem-estar dos idosos e dar maior tranqüilidade aos familiares e amigos, procurando sempre tornar o mais importante para todos ser ainda o mais simples.

Mais artigos sobre este mesmo tema:

terça-feira, 9 de junho de 2009

Idosos trocam experiências com os mais novos

DFTV 1ª Edição

Quinta-feira, 04/06/2009

Mestres do Saber: 150 pessoas com mais 60 anos ensinam adolescentes a trabalhar. E o melhor, a atividade é remunerada. Quem quiser ensinar uma profissão ainda pode se inscrever no projeto.



Idosos trocam experiências com os mais novos
Mestres do Saber: 150 pessoas com mais 60 anos ensinam adolescentes a trabalhar. E o melhor, a atividade é remunerada.

Uma recompensa para quem trabalhou anos, adquiriu conhecimento e experiência. No preparo da torta salgada, Hirtes Soares conta segredos conquistados durante anos cozinhando para família.

“Já tem uns dez anos que tenho essa receita. Claro que aproveitei para acrescentar alguns ingredientes atendendo aos pedidos dos filhos. São sete filhos, então, tinha que criar alguma coisa”, conta Hirtes Soares, de 62 anos.

Receitas de vida que os alunos aproveitam cada detalhe. “É muito interessante. Ela ensina a gente aproveitar os alimentos que muitas vezes vão parar no lixo”, diz João Paulo Pereira, 13 anos. “Já fiz muita coisa em casa. Aprendi um bolinho de vinagre”, lembra Douglas Lopes, de 13 anos.

Matilde Araújo é professora na oficina Higiene das Unhas. Encaixou-se no projeto Mestres do Saber: ela tem uma renda familiar mensal de um salário mínimo e já trabalhou como manicure. Com a nova rotina, soma ao orçamento doméstico mais R$ 415.

“Primeiro é uma profissão que aprende. E também é uma renda, sem contar que é importante se cuidar”, fala Matilde Araújo, de 60 anos.

Amara da Silva tem 63 anos. Há um mês, ela dedica quatro horas, três vezes por semana, para contar histórias em uma sala do Centro de Orientação Socioeducativa do Gama. Uma nova atividade que deu ânimo para esta diarista aposentada.

“Não só eu estou ensinando para eles. Sempre as crianças têm algo para ensinar pra gente. Eu estava com problema de depressão, mas confesso que não sei para onde ela foi”, enfatiza Amara da Silva, de 63 anos.

Se você tem mais de 60 anos e gostaria de ensinar o que aprendeu, tem até o dia 30 de julho para se inscrever no programa. Para mais informações é só ligar para 3961-1476.

Idosos usam redes sociais na internet para escapar da solidão


09/06/09 - 08h30 - Atualizado em 09/06/09 - 08h33

Idosos usam redes sociais na internet para escapar da solidão

Sites ajudam a 'renovar' contatos e estimular amizades.
Internautas também usam serviços para publicar fotos e memórias.

Stephanie Clifford Do 'New York Times'

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Depois de sofrer um ataque cardíaco, Paula Rice, 73 anos, voltou à atividade ao encontrar redes sociais on-line (Foto: Carla Winn/The New York Times)

Como muitas pessoas mais velhas, Paula Rice, moradora do estado de Kentucky (EUA), ficou cada vez mais isolada nos últimos anos. Seus quatro filhos crescidos moram em outros lugares, seus dois casamentos acabaram em divórcio e seus amigos estão espalhados. Na maioria dos dias, ela não vê ninguém.

No entanto, Rice, 73 anos, está longe de ser solitária. Confinada em casa depois de sofrer um ataque cardíaco, há dois anos, ela começou a visitar redes sociais virtuais, como o Eons.com, uma comunidade on-line para baby boomers que estão envelhecendo, e o PoliceLink.com (ela é ex-despachante policial). Agora, Rice passa até 14 horas por dia em conversas on-line.

"Eu estava morrendo de tédio", ela disse. "O Eons me deu uma razão para continuar vivendo".

Não é novidade que cada vez mais pessoas da geração de Rice estão entrando em redes virtuais, como o Eons, o Facebook e o MySpace. De acordo com a comScore, empresa de medição de mídia, o número de internautas idosos que visitaram redes sociais cresceu quase duas vezes mais rápido que o índice de uso da internet neste grupo, no ano passado. Pesquisadores que focam no envelhecimento estão estudando o fenômeno, a fim de verificar se as redes sociais podem oferecer alguns dos benefícios de um grupo de amigos, ao mesmo tempo em que são algo mais fácil de manter.

'Recuperando' amigos
"Um dos maiores desafios, ou perdas, que enfrentamos como adultos mais velhos, honestamente, não envolve nossa saúde, mas como nossa rede social está nos deteriorando. Isso acontece pois nossos amigos adoecem, nossos cônjuges morrem, os amigos morrem, ou nos mudamos", disse Joseph F. Coughlin, diretor do AgeLab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

"O novo futuro da terceira idade envolve permanecer na sociedade, no ambiente de trabalho e estar bem conectado", acrescentou. "A tecnologia vai ser uma parte muito importante nisso, pois a nova realidade é, cada vez mais, uma realidade virtual. Ela oferece uma forma de fazer novas conexões, novos amigos e novos propósitos".

Cerca de um terço das pessoas com 75 anos de idade ou mais moram sozinhas, segundo um estudo da AARP, publicado em 2009. Em resposta ao crescente número de americanos idosos, o Instituto Nacional para o Envelhecimento está concedendo pelo menos US$ 10 milhões em financiamentos para pesquisadores que examinem a neurociência social e seus efeitos sobre o envelhecimento.

Redes on-line podem representar para os mais velhos "um lugar onde eles se sintam fortes, pois podem realizar essas conexões e conversar com as pessoas, sem ter que usar um amigo ou membro da família para mais uma coisa", disse Antonina Bambina, socióloga da University of Southern Indiana e autora do livro "Online Social Support" (Cambria, 2007).

Memórias na rede



Para os familiares dos idosos, as redes sociais podem trazer um pouco de alívio. Chris McWade, morador de Franklin, Massachusetts, o mais novo de uma grande família, recentemente ajudou na mudança de seus pais, avós e tio para casas de repouso. Ele contou ter passado dois ou três anos "voando por todo o país, segurando a mão de muitas pessoas" e vendo o isolamento e a depressão que chegam com a idade.

Isso lhe despertou a ideia para a MyWay Village, uma rede social baseada em Quincy, Massachusetts. McWade ajudou a fundá-la, em 2006, e hoje a vende para casas de repouso. O projeto acaba de finalizar os programas-piloto em várias casas de Illinois e Massachusetts. McWade contar ter firmado acordos para a expansão para várias outras casas.

Há dois anos e meio, Howe Allen, corretor imobiliário em Boston, ajudou na mudança de seus pais para o River Bay Club, uma casa de repouso, também em Quincy, que usa o MyWay.

Sua mãe morreu logo depois. No entanto, seu pai, Carl, pôde começar a fazer amigos e compartilhar histórias no MyWay. Ele nunca havia usado um computador, mas aprendeu rápido; o software inclui aulas de informática. Depois de sua morte, em dezembro, o serviço de memórias da casa de repouso incluiu fotografias que ele tinha postado no MyWay, trechos de memórias publicadas por ele, e depoimentos de amigos feitos através do site.

"Foi um dia emocionante, jamais esquecerei", disse Howe Allen. "É mais que um simples computador. Isso o afetou de formas que estão além da era eletrônica. Isso permitiu que ele crescesse numa idade em que, supõe-se, as pessoas param de crescer".

Um Chevrolet 1950
Numa segunda-feira recente, Neil Sullivan, gerente regional do MyWay, estava diante de um grupo de cerca de vinte residentes do River Bay Club, na biblioteca do local.

Ele chegou preparado com slides e discursos, mas o grupo só queria falar da vida deles. Quando Sullivan mostrou a fotografia de um Chevrolet 1950, um morador disse: "Eu tinha um Chevy 57", e outro respondeu: "O meu era um 49". Um homem que usava um suéter verde-amarelado, até então quieto, acrescentou: "O melhor carro que já tive foi um Dodge Business Coupe".

Sarah Hoit, co-fundadora e diretora executiva do MyWay, disse que, para os mais velhos, aprender a se conectar não era um objetivo por si só. "Eles querem um veículo para encontrar novas pessoas e compartilhar a vida", disse. "Eles querem ser estimulados".

Fora das sessões semanais, os moradores de River Bay usam o site para postar histórias como "Minha Vida Como Enfermeira" ou "Trabalhei no Howard Johnson, em Quincy". Sunny Walker, 89 anos, que se recusava a usar máquina de escrever elétrica quando era secretária de uma escola (de tanto que odiava tecnologia), agora brinca e envia mensagens para os amigos através do site.

"Estou lhe dizendo, é a melhor coisa para os mais velhos", disse ela. "Isso desafia nossas mentes, é isso. Desafiou a minha".

Conseqüências da solidão
Algumas pesquisas sugerem que a solidão pode piorar a demência. Dr. Nicholas A. Christakis, médico interno e cientista social de Harvard, considera pesquisar se as conexões sociais online podem ajudar a retardar a demência, da mesma forma que as tradicionais.

"Redes sociais on-line realizam uma propensão antiga que todos nós temos de nos conectar com outros", disse ele.

A propensão pode ser antiga, mas a forma de fazê-lo, não. Mollie Bourne, dona de um campo de golfe e moradora de Puerto Vallarta, México, durante metade do ano, entra no Facebook algumas vezes por semana. Ela gosta de ver os posts e fotos de seus netos, mesmo aquelas tiradas em bares e festas, aquelas que as pessoas não esperam que a avó veja.

"Por Deus, todos nós agíamos assim na faculdade", disse ela. "É isso que acontece quando você tem 76 anos. Já estive por aí. Já vi de tudo. É preciso muita coisa para me chocar".

domingo, 7 de junho de 2009

6/7/2009
Idosos: vítimas indefesas da violência
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas. Mas, em muitos casos, esse aumento da população com mais de 60 anos não está acompanhado de uma melhor qualidade de vida para a terceira idade. Na proporção em que eleva o número de idosos, crescem também os casos de agressão a essa parte da população, não só física, mas também social. Nesta reportagem, veja como está sendo feito o combate a essa violência e o que fazer para evitá-la.
Roberta Meireles

Íris*, de idade não informada, descobriu que sua irmã, Elba*, de 86 anos, está sendo agredida por outra irmã de ambas, mais jovem. “Eu a encontrei com uma torção no pé e ninguém a havia levado para o hospital. Ela disse apenas que tinha caído”, narrou. Em uma segunda visita, Íris encontrou Elba chorando. Na última vez que foi ver a parente, viu arranhões em seu ombro. “Perguntei: ‘estão lhe batendo?’. Ela confessou que sim, disse que era nossa irmã e perguntou se eu também ia bater nela”, contou Íris. Casos como esse, de violência contra os idosos, estão cada vez mais comuns na sociedade. Apenas este ano, foram registradas 416 ocorrências na Delegacia do Idoso do Estado. “As mais comuns são de maus-tratos físicos e psicológicos, como ameaças, perturbações e humilhações”, apontou o delegado Eronildo Farias.
Irmã Silvânia, assistente social do grupo da terceira idade Nossa Senhora da Glória, que conta com 180 idosos, sabe que muitos são agredidos, mas não dizem nada. “A gente sabe que existe a violência, mas, por medo, eles escondem”, falou. João*, de 86 anos, foi empurrado por um vizinho e não ficou calado. Depois de ir ao Hospital da Restauração (HR) e levar alguns pontos na cabeça, ele prestou queixa na Delegacia do Idoso. “Não podia deixar passar”, afirmou. De acordo com a assistente social da Promotoria do Idoso do Ministério Público, Tânia Brito, ele é uma exceção, já que os idosos dificilmente denunciam quando sofrem violência. “Eles omitem por receio, já que, na maioria das vezes, o agressor é alguém próximo”, explicou.
Ainda de acordo com a promotora, às vezes quem denuncia é outra pessoa, que não aguenta presenciar a violência. Segundo a promotora de Cidadania do Ministério Público, Yélena Araújo, apenas 30% dos casos são notificados. “Antes só questionava a violência contra a mulher, contra as crianças. Agora é que se começou a falar na pessoa idosa”, argumentou. Segundo Tânia Brito, os problemas podem começar até mesmo antes da terceira idade. “Às vezes, os mais velhos já são negligenciados a partir dos 50 e poucos anos. Não denunciam e essa situação se estende para a velhice”, disse.
Esse silêncio pode ter consequências trágicas. “Em janeiro, uma senhora do nosso grupo cometeu suicidou com chumbinho (agrotóxico), por não aguentar as agressões psicológicas que sofria”, revelou irmã Silvânia. Mas não é só a família que tem que prestar queixa, qualquer um que saiba da ocorrência pode fazê-la. “Estamos trabalhando junto aos grupos de idosos e aos profissionais de saúde para conscientizá-los e, se souberem de algum caso, denunciarem”, disse a conselheira do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Recife (Comdir), Selma Castro.
De acordo com o delegado Eronildo Farias, a pena para esse tipo de violência é de dois meses a um ano de detenção. Caso seja de natureza grave e tenham causado lesões corporais graves, a sentença pode ser de um a quatro anos de reclusão. Para a conselheira do Comdir, a lei é muito branda e precisa mudar. “Nosso Código Penal precisa passar por uma reforma. A impunidade acaba contribuindo para a não-denúncia dos casos”, opinou Selma.

* Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos entrevistados

6/7/2009
63% dos agredidos são mulheres


De acordo com uma pesquisa realizada, em 2006, pela assistente social Marlene Pereira na Universidade Federal de Pernambuco, dos 140 atendimentos realizados na Promotoria do Idoso naquele ano, 63% demonstravam violência contra mulheres acima dos 60 anos. “Elas confiam mais cegamente nos filhos”, argumentou a advogada voluntária da Federação das Associações dos Idosos de Pernambuco (Faipe), Aldenira Lins.
Idosos de 75 a 90 anos constituíram 46% das vítimas de violência, segundo o estudo. “Quanto mais incapacitado, maior a chance de ser vítima de agressão”, explicou o agente da Delegacia do Idoso, Maurício Gomes. Na sequência, vêm as pessoas entre 60 e 74 anos, com 24% dos casos de agressão; e dos acima de 90 anos, com 9% (21% dos registros não tiveram a idade identificada na denúncia).
Quanto à relação do agressor com a vítima, 50% das queixas são contra filhos e/ou netos. “Percebo que a maior parte dos agressores são os filhos homens”, disse Aldenira Lins. Os demais familiares representam 14% das denúncias de agressão; 17%, outras pessoas; 8% contra companheiro; e, em 11% dos casos, o agressor não foi identificado. A renda dos denunciantes também foi classificada pela pesquisa: 44% recebiam um salário mínimo.
De acordo com o titular da Delegado do Idoso, Eronildo Farias, os casos de pessoas com renda mais baixa são em maior número porque os com renda mais alta relutam para denunciar. Mas o fato de não denunciar não quer dizer que os mais ricos não sejam agredidos. “Quem ganha mais, sofre um pouco menos. Idoso sem dinheiro é abandonado”, expôs o agente Maurício Gomes.

Serviço
Faipe
Rua Riachuelo, 105, Boa Vista, Recife. Fone: (81) 3221-8507

6/7/2009
Conselho do Idoso é realidade para poucos
Apenas 40 das 184 cidades do Estado contam com órgão para garantir direitos
Roberta Meireles

Atualmente, apenas 40 dos 184 municípios pernambucanos contam com o Conselho do Idoso, órgão responsável por acompanhar a elaboração e execução de políticas públicas voltadas à garantia dos direitos da população acima dos 60 anos. Para mudar esse contexto, os direitos da pessoa idosa estão no centro do projeto Caravana da Cidadania, que o Ministério Público de Pernambuco iniciou na último dia 20, em Gravatá, Agreste do Estado. O projeto tem o objetivo de fomentar a implantação e fortalecimento dos conselhos dos idosos. De acordo com a promotora de Cidadania do Ministério Público, Yélena Araújo, a caravana percorrerá mais nove municípios ainda este semestre, abrangendo todas as regiões do Estado. “No segundo semestre, vamos voltar a todos esses locais para rediscutir o que já foi feito e o que precisa ser ajustado. É essencial ter esse feedback (retorno)”, completou a promotora.
Outra instituição que cuida dos direitos dos mais velhos no Estado é o Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa (Ciapi). Com quase um ano de funcionamento, o centro oferece atendimento técnico de profissionais como advogado, assistente social e psicólogo. “Queremos que quando o idoso chegue aqui, ele encontre as respostas que procura”, afirmou a coordenadora do Ciapi, Paula Machado. Ela informou que o Centro atende a aproximadamente 70 pessoas por mês.
Os serviços são voltados para orientação, encaminhamento e mediação de conflitos. O atendimento também contempla famílias, associações, cuidadores domiciliares e institucionais, conselheiros de idosos de saúde e direitos humanos. O projeto, da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), é uma parceria do Estado com o Governo Federal e foi criado para acabar com o alto índice de violência praticada contra os idosos em Pernambuco.

PROGRAMAÇÃO
Pensando no Dia Mundial de Combate à Violência Contra o Idoso, que é comemorado em 15 de junho, o Ciapi preparou uma programação especial. Na próxima terça-feira, no auditório da Celpe, na avenida João de Barros, Recife, haverá durante a tarde atrações culturais e palestras sobre o tema “Gerações em Paz”, abordando as relações familiares e a violência contra as pessoas com mais de 60 anos. Já no dia 15, a Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã da Prefeitura do Recife realizará atividades na Estação Central do Metrô. Serão distribuídas fitinhas roxas - símbolo da campanha - e haverá apresentações culturais e uma feira de serviços, que oferecerá aferição de pressão arterial e limpeza de pele, além de informações sobre saúde e direitos dos idosos. No Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes-Gilberto Freyre, também serão distribuídas as fitinhas e terão atrações de dança. No dia 16, a distribuição continua no aeroporto. Leia também

6/7/2009
Violência também pode ser social

Segundo a conselheira do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Recife (Comdir), Selma Castro, ainda existe uma violência social contra o idoso. “Os mais jovens fazem chacota quando ele passa na frente em filas, mesmo ele tendo prioridade. As famílias constróem as calçadas de forma irregular - que gera ondulações e pode provocar quedas -, e os motoristas de ônibus não param no meio-fio, o que atrapalha, já que, em geral, os idosos têm problemas de locomoção”, apontou.
Ainda segundo Selma, esse tipo de violência “está disseminada em vários setores: bancos, repartições públicas”. “Falta respeito”, concluiu. Selma, que é idosa (tem 72 anos), revelou que, no trânsito, ser mais velha é sempre um problema. “Uma das situações em que o idoso é mais agredido é quando ele dirige. Se as pessoas se colocassem no lugar do outro, isso não aconteceria”, sentenciou a conselheira.
A promotora Yélena Araújo alertou também que uma da violências sociais mais silenciosas, mas que mais podem machucar os mais velhos é o isolamento. “Em muitos casos, o idoso convive apenas com a pessoa que cuida dele. Ele não tem contato com amigos, vizinhos, não participa de grupos, não vai à igreja”, detalhou. O titular da Delegacia do Idoso, Eronildo Farias, lembrou, ainda, que falta compreensão das pessoas com aqueles que têm mais de 60 anos.
“Todos nós vamos envelhecer. Ninguém envelhece porque quer, é o processo natural da vida. Às vezes as pessoas não entendem isso”, pontuou. “A questão do idoso é uma questão de todos nós: família, sociedade, poder público. Cabe a este último dar condições de vida às pessoas, e criar políticas publicas para isso. E as famílias não podem deixar o idoso sofrer; têm que se engajar e fazer sua parte”, concluiu o delegado.

6/7/2009
Idosos: vítimas indefesas da violência
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas. Mas, em muitos casos, esse aumento da população com mais de 60 anos não está acompanhado de uma melhor qualidade de vida para a terceira idade. Na proporção em que eleva o número de idosos, crescem também os casos de agressão a essa parte da população, não só física, mas também social. Nesta reportagem, veja como está sendo feito o combate a essa violência e o que fazer para evitá-la.
Roberta Meireles
Íris*, de idade não informada, descobriu que sua irmã, Elba*, de 86 anos, está sendo agredida por outra irmã de ambas, mais jovem. “Eu a encontrei com uma torção no pé e ninguém a havia levado para o hospital. Ela disse apenas que tinha caído”, narrou. Em uma segunda visita, Íris encontrou Elba chorando. Na última vez que foi ver a parente, viu arranhões em seu ombro. “Perguntei: ‘estão lhe batendo?’. Ela confessou que sim, disse que era nossa irmã e perguntou se eu também ia bater nela”, contou Íris. Casos como esse, de violência contra os idosos, estão cada vez mais comuns na sociedade. Apenas este ano, foram registradas 416 ocorrências na Delegacia do Idoso do Estado. “As mais comuns são de maus-tratos físicos e psicológicos, como ameaças, perturbações e humilhações”, apontou o delegado Eronildo Farias.
Irmã Silvânia, assistente social do grupo da terceira idade Nossa Senhora da Glória, que conta com 180 idosos, sabe que muitos são agredidos, mas não dizem nada. “A gente sabe que existe a violência, mas, por medo, eles escondem”, falou. João*, de 86 anos, foi empurrado por um vizinho e não ficou calado. Depois de ir ao Hospital da Restauração (HR) e levar alguns pontos na cabeça, ele prestou queixa na Delegacia do Idoso. “Não podia deixar passar”, afirmou. De acordo com a assistente social da Promotoria do Idoso do Ministério Público, Tânia Brito, ele é uma exceção, já que os idosos dificilmente denunciam quando sofrem violência. “Eles omitem por receio, já que, na maioria das vezes, o agressor é alguém próximo”, explicou.
Ainda de acordo com a promotora, às vezes quem denuncia é outra pessoa, que não aguenta presenciar a violência. Segundo a promotora de Cidadania do Ministério Público, Yélena Araújo, apenas 30% dos casos são notificados. “Antes só questionava a violência contra a mulher, contra as crianças. Agora é que se começou a falar na pessoa idosa”, argumentou. Segundo Tânia Brito, os problemas podem começar até mesmo antes da terceira idade. “Às vezes, os mais velhos já são negligenciados a partir dos 50 e poucos anos. Não denunciam e essa situação se estende para a velhice”, disse.
Esse silêncio pode ter consequências trágicas. “Em janeiro, uma senhora do nosso grupo cometeu suicidou com chumbinho (agrotóxico), por não aguentar as agressões psicológicas que sofria”, revelou irmã Silvânia. Mas não é só a família que tem que prestar queixa, qualquer um que saiba da ocorrência pode fazê-la. “Estamos trabalhando junto aos grupos de idosos e aos profissionais de saúde para conscientizá-los e, se souberem de algum caso, denunciarem”, disse a conselheira do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Recife (Comdir), Selma Castro.
De acordo com o delegado Eronildo Farias, a pena para esse tipo de violência é de dois meses a um ano de detenção. Caso seja de natureza grave e tenham causado lesões corporais graves, a sentença pode ser de um a quatro anos de reclusão. Para a conselheira do Comdir, a lei é muito branda e precisa mudar. “Nosso Código Penal precisa passar por uma reforma. A impunidade acaba contribuindo para a não-denúncia dos casos”, opinou Selma.

* Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos entrevistados

6/7/2009
63% dos agredidos são mulheres

De acordo com uma pesquisa realizada, em 2006, pela assistente social Marlene Pereira na Universidade Federal de Pernambuco, dos 140 atendimentos realizados na Promotoria do Idoso naquele ano, 63% demonstravam violência contra mulheres acima dos 60 anos. “Elas confiam mais cegamente nos filhos”, argumentou a advogada voluntária da Federação das Associações dos Idosos de Pernambuco (Faipe), Aldenira Lins.
Idosos de 75 a 90 anos constituíram 46% das vítimas de violência, segundo o estudo. “Quanto mais incapacitado, maior a chance de ser vítima de agressão”, explicou o agente da Delegacia do Idoso, Maurício Gomes. Na sequência, vêm as pessoas entre 60 e 74 anos, com 24% dos casos de agressão; e dos acima de 90 anos, com 9% (21% dos registros não tiveram a idade identificada na denúncia).
Quanto à relação do agressor com a vítima, 50% das queixas são contra filhos e/ou netos. “Percebo que a maior parte dos agressores são os filhos homens”, disse Aldenira Lins. Os demais familiares representam 14% das denúncias de agressão; 17%, outras pessoas; 8% contra companheiro; e, em 11% dos casos, o agressor não foi identificado. A renda dos denunciantes também foi classificada pela pesquisa: 44% recebiam um salário mínimo.
De acordo com o titular da Delegado do Idoso, Eronildo Farias, os casos de pessoas com renda mais baixa são em maior número porque os com renda mais alta relutam para denunciar. Mas o fato de não denunciar não quer dizer que os mais ricos não sejam agredidos. “Quem ganha mais, sofre um pouco menos. Idoso sem dinheiro é abandonado”, expôs o agente Maurício Gomes.

Serviço
Faipe
Rua Riachuelo, 105, Boa Vista, Recife. Fone: (81) 3221-8507

6/7/2009
Conselho do Idoso é realidade para poucos
Apenas 40 das 184 cidades do Estado contam com órgão para garantir direitos
Roberta Meireles
Atualmente, apenas 40 dos 184 municípios pernambucanos contam com o Conselho do Idoso, órgão responsável por acompanhar a elaboração e execução de políticas públicas voltadas à garantia dos direitos da população acima dos 60 anos. Para mudar esse contexto, os direitos da pessoa idosa estão no centro do projeto Caravana da Cidadania, que o Ministério Público de Pernambuco iniciou na último dia 20, em Gravatá, Agreste do Estado. O projeto tem o objetivo de fomentar a implantação e fortalecimento dos conselhos dos idosos. De acordo com a promotora de Cidadania do Ministério Público, Yélena Araújo, a caravana percorrerá mais nove municípios ainda este semestre, abrangendo todas as regiões do Estado. “No segundo semestre, vamos voltar a todos esses locais para rediscutir o que já foi feito e o que precisa ser ajustado. É essencial ter esse feedback (retorno)”, completou a promotora.
Outra instituição que cuida dos direitos dos mais velhos no Estado é o Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa (Ciapi). Com quase um ano de funcionamento, o centro oferece atendimento técnico de profissionais como advogado, assistente social e psicólogo. “Queremos que quando o idoso chegue aqui, ele encontre as respostas que procura”, afirmou a coordenadora do Ciapi, Paula Machado. Ela informou que o Centro atende a aproximadamente 70 pessoas por mês.
Os serviços são voltados para orientação, encaminhamento e mediação de conflitos. O atendimento também contempla famílias, associações, cuidadores domiciliares e institucionais, conselheiros de idosos de saúde e direitos humanos. O projeto, da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), é uma parceria do Estado com o Governo Federal e foi criado para acabar com o alto índice de violência praticada contra os idosos em Pernambuco.

PROGRAMAÇÃO
Pensando no Dia Mundial de Combate à Violência Contra o Idoso, que é comemorado em 15 de junho, o Ciapi preparou uma programação especial. Na próxima terça-feira, no auditório da Celpe, na avenida João de Barros, Recife, haverá durante a tarde atrações culturais e palestras sobre o tema “Gerações em Paz”, abordando as relações familiares e a violência contra as pessoas com mais de 60 anos. Já no dia 15, a Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã da Prefeitura do Recife realizará atividades na Estação Central do Metrô. Serão distribuídas fitinhas roxas - símbolo da campanha - e haverá apresentações culturais e uma feira de serviços, que oferecerá aferição de pressão arterial e limpeza de pele, além de informações sobre saúde e direitos dos idosos. No Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes-Gilberto Freyre, também serão distribuídas as fitinhas e terão atrações de dança. No dia 16, a distribuição continua no aeroporto. Leia também

07/06/2009
Dinheiro é principal causa de agressão


Uma das maiores causas da violência contra o idoso é o dinheiro. “Ou da família que tem muito gasto com o idoso, ou da que o explora financeiramente, usando o dinheiro dele para bancar vícios”, explicou o delegado Eronildo Farias. É o que acontece com Maria Batista de Lima, de 67 anos. “Meu neto rouba meu dinheiro e vende minhas coisas para comprar drogas”, contou. O neto ainda a agride verbalmente. “Ele diz que eu sou doida, que não sei o que digo”, falou a aposentada.
De acordo com a advogada Aldenira Lins, um em cada três casos que ela atende na Faipe é relacionado apropriação de renda e bens do idoso. “Só este ano, cinco casos foram à julgamento”. Silvino*, de 85 anos, contou que a filha denunciou sua esposa, 56 anos mais jovem do que ele, alegando que ela estava se apropriando de seu salário e agredindo-o. “Mas é tudo mentira. Ela é que quer meu dinheiro”, afirmou. Já Maria da Graça*, de 47 anos, admitiu que deixa a mãe, Amália*, de 85 anos, em um asilo e gasta o dinheiro da idosa com despesas pessoais. “Ela já está esclerosada, vai querer dinheiro para quê?”, questionou.
Segundo a advogada da Faipe, é preciso ter cuidado ao passar procurações e senhas bancárias. Ela recomenda ao idoso que, caso ele não se sinta muito bem, vá acompanhado, mas não dê a senha. Se estiver doente, passe uma procuração apenas para aquele período.



quarta-feira, 3 de junho de 2009

ESPECIAL PERSPECTIVA 2009 Um mundo pronto para os idosos




ESPECIAL PERSPECTIVA 2009
Um mundo pronto para os idosos
O envelhecimento da população está fazendo nascer um planeta com lazer, casas mais seguras e muita solidariedade com a velhice

Greice Rodrigues

Se existe alguma certeza quanto ao futuro, é a de que ele será mais velho. Aos poucos, o mundo ao nosso redor terá cada vez mais idosos, resultado de um movimento demográfico no qual a taxa de fecundidade continuará caindo e a expectativa de vida, subindo. Em 2050, o planeta contabilizará dois bilhões de indivíduos com mais de 65 anos. Só no Brasil eles serão mais de 55 milhões. Por seu impacto, este é um daqueles fenômenos que muda a história do ser humano para sempre. Nossas moradias serão diferentes, planejadas para abrigar com segurança e conforto essa população. A medicina se empenhará para criar terapias que lhe proporcione boa saúde. As indústrias do turismo, do lazer e do conhecimento também criarão produtos para que a vida aos 70, 80, 100 anos permaneça divertida.

A transformação rumo a esse mundo mais velho já começou. Muitos prédios e casas começam a ser construídos levando em consideração o fato de que dentro deles haverá alguém com mais de 65 anos. Banheiros com barras de apoio, rampas no lugar de escadas e portas com maçanetas fáceis de serem manuseadas são alguns dos detalhes presentes nas edificações mais modernas. Elas são a primeira mostra da chamada "arquitetura da velhice", uma área emergente dedicada a pensar moradias para idosos. "Os arquitetos devem considerar desde já se estão criando espaço para facilitar a vida das pessoas ou para segregálas", afirma Lilian Osmo, professora de arquitetura e designer da Fundação Armando Álvares Penteado, de São Paulo.

Um exemplo desse modelo de arquitetura pode ser visto no Hiléa, um centro de convivência para pessoas mais velhas localizado em São Paulo. O lugar foi projetado pelo escritório de arquitetura Aflalo & Gasperini e sua construção foi coordenada pela arquiteta Luana Rabesco."Tudo foi pensado para deixar o ambiente o mais funcional possível", diz Luana. Na instituição, o piso é antiderrapante e sem desnível e até os móveis receberam atenção especial.

"Trocamos os sofás por cadeiras com braços", explica a arquiteta. "Eles são um importante apoio na hora de sentar e levantar." Houve o cuidado também na decoração dos ambientes. Muitos, como o salão de beleza e o cinema, têm design antigo para que sirvam como lembrança e ao mesmo tempo referência. Detalhes como esses fazem diferença na vida de indivíduos como a aposentada Elvira Salles, 66 anos. Ela vai ao Hilea para realizar atividades como pintura e dança. Lá, sente-se acolhida e segura. "Posso fazer tudo sozinha", conta. "E não há nada melhor do que a autonomia."

Este, de fato, é o ponto mais importante da nova realidade que está sendo construída para os mais velhos. Sua principal marca deverá ser a garantia de liberdade de ação, de movimentos e de escolha a essa população. Afinal, quando se fala aqui de idosos é preciso tirar da mente aquela imagem antiquada do velhinho de pijama, sentado no sofá em frente à televisão. Nos próximos anos, a velhice perderá de vez este estigma. "É por isso que os serviços voltados para o lazer e programas culturais crescerão", afirma o pesquisador Marcelo Néri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro.

VOLTA NO TEMPO No centro de convivência Hiléa, para idosos, há preocupação com os detalhes. O telefone tem calendário fácil de ser lido. E os ambientes apresentam design antigo para servir como referência e lembrança

ESPECIAL PERSPECTIVA 2009

Um mundo pronto para os idosos
O envelhecimento da população está fazendo nascer um planeta com lazer, casas mais seguras e muita solidariedade com a velhice

Greice Rodrigues

A força dessa demanda pode ser sentida hoje. Dados do programa Viaja Mais Melhor Idade, criado pelo Ministério do Turismo, mostram que entre agosto de 2007 e outubro deste ano foram vendidos cerca de 190 mil pacotes turísticos. Na CVC, uma das maiores operadoras de viagens do Brasil, do 1,5 milhão de passageiros que embarcaram em viagens aéreas, marítimas e rodoviárias no ano passado, cerca de 30% - ou 450 mil - tinham mais de 65 anos. "Estimamos que neste ano o percentual suba para 35%", afirma Valter Patriani, presidente da empresa.

Esse anseio dos mais velhos pelo que a vida ainda pode apresentar de novo alimentará também a área do intercâmbio cultural, caracterizado por cursos de línguas oferecidos em outros países. No Brasil, a opção desperta interesse crescente. "Só neste ano embarcamos mais de 20 idosos para cursos no Ex-terior", conta Flávio Crusoé, diretor da Bex Intercâmbio, empresa especializada no serviço. O professor Lacordaire Faria, 67 anos, foi um dos que mais desfrutaram da viagem. "Fiquei quatro semanas nos Estados Unidos aperfeiçoando meu inglês", conta.

VITALIDADE A aposentada Elvira, 66 anos, sai de casa todos os dias para realizar atividades que estimulam a imaginação e ajudam a manter afiadas as funções cerebrais. Pintar é uma delas.

EM SÍNTESE:

� Está surgindo a "arquitetura da velhice". Seu objetivo é criar edificações mais seguras e confortáveis para os mais velhos

� Programas de intercâmbios culturais serão uma das opções oferecidas a quem tem mais de 65 anos

� Essa população viajará mais, e os pacotes turísticos dirigidos a ela se multiplicarão

� A medicina está investindo na formação de profissionais que entendam as peculiaridades dos idosos

� Crescem os serviços de apoio aos cuidadores, pessoas responsáveis pelos cuidados com idosos

A sociedade também começa a investir na criação de recursos e tratamentos para assegurar mais saúde a essas pessoas. Nos últimos anos, um dos ramos da medicina que mais experimentaram crescimento foi o associado aos cuidados com os mais velhos. Em São Paulo, por exemplo, tornouse comum ver médicos de outras especialidades freqüentando os seminários da Sociedade Brasileira de Clínica Médica para entender melhor as peculiaridades desse grupo da população. "Esses profissionais estão sendo treinados para identificar problemas comuns entre esse grupo", afirma o médico Abrão Cury, diretor da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.

PASSAPORTE Faria viajou para os Estados Unidos em um programa de intercâmbio

Há ainda um consenso de que é preciso dar atenção especial aos chamados cuidadores, as pessoas que tomarão conta daqueles mais debilitados pela idade. Diversos estudos estão mostrando que esses anjos da velhice precisam de apoio emocional e físico para executar suas tarefas. Caso contrário, elas se tornam pesadas demais. Quando isso acontece, ambos - cuidador e idoso - adoecem. É por isso que começam a surgir cursos de preparo para esses indivíduos, dirigidos a familiares, amigos ou profissionais de saúde como enfermeiros ou fisioterapeutas. Associações de representantes de pacientes também estão organizando espaços nos quais os cuidadores podem partilhar suas experiências, cansaço, culpa e tristeza. É uma forma de tornar o trabalho menos doloroso. E de garantir um mundo melhor a todos.







Ano Novo Para o Velho

Ano Novo Para o Velho

Esse meu artigo foi publicado originalmente no jornal Gazeta Mercantil,

Data: 28/01/2008 02:15:00 [705 Palavras]
Publicação: Gazeta Mercantil [até 30/06/2009] (Brasil)
Idioma: Português-Brasil
Autor: Gazeta Mercantil
28 de Janeiro de 2008 - Em 2008, cerca de 630 mil brasileiros ingressarão na terceira idade. É como se, instantaneamente, brotasse no País um município do porte de Santo André, um dos maiores do Estado de São Paulo, integralmente povoado por pessoas idosas.

Hoje, no Brasil, são aproximadamente 18 milhões os habitantes acima dessa faixa etária, na qual a expansão é de 3,5% ao ano. O crescimento é maior no segmento acima de 80 anos, atingindo 5%.

Entender o impacto desses números no quadro demográfico, social e da saúde é imprescindível no sentido de se estabelecerem estratégias adequadas. O Brasil vai deixando de ser um país de jovens. Delineia-se um cenário muito diferente do que se observava há pouco mais de meio século, quando os octogenários eram 0,5% dos habitantes.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) demonstra que, em 2020, 12% da população brasileira deverá ser de idosos. Isto significará 31 milhões de pessoas, o equivalente ao total de habitantes do Peru ou do Marrocos.O envelhecimento dos brasileiros, como na maioria do mundo em desenvolvimento, ocorre mais tarde em relação aos países desenvolvidos. Nestes, os habitantes com mais de 65 anos representavam 15% do total já na virada do século.

O índice deverá saltar para 27% até 2050. O Japão, que já tem a maior quantidade de velhos no mundo, deverá chegar a 35%.

Nas nações pobres, os idosos eram apenas 6% em 2000, devendo chegar a 14% em 2050.

A expectativa de vida nos países desenvolvidos, que entre 1950 e 1955 era de 67 anos, subiu para 79. Nos países menos desenvolvidos, a evolução, em média, foi de 41 para 63 anos. A proporção de idosos no mundo, hoje de 9%, passará a 14% (delimitador a partir do qual os países são chamados "envelhecidos") em 2018 e, em 2050, deverá ser superior a 25%.

Isto ocorre atualmente somente no Japão e na Itália, nações com o maior índice de habitantes da terceira idade. Para entender melhor toda essa transformação, é interessante notar o exemplo da França, onde transcorreram 115 anos (de 1865 a 1980) para se dobrar a proporção de idosos de 7% para 14% da população.

Essas comparações não se limitam à cronologia do processo de envelhecimento. Há uma observação crítica, feita por Alexandre Kalache, o médico brasileiro que, de 1994 a novembro de 2007, chefiou o Programa de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Os países desenvolvidos enriqueceram antes de envelhecer", disse ele. Países como o Brasil estão envelhecendo antes de serem ricos. Ou seja, o Brasil tem um desafio crucial pela frente: criar condições econômicas e sociais que permitam uma boa qualidade de vida aos idosos, pois, como alertam os números, nos próximos 40 anos haverá crescimento acelerado dessa faixa etária.

Quando se analisam estratégias e ações relativas à qualidade de vida dos velhos, não se pode limitar o pensamento às obrigações do Estado. É necessária a mobilização das famílias e da sociedade para o enfrentamento do desafio.

Nesse sentido, deve-se ficar atento às recomendações da própria OMS. A respeitada entidade internacional norteia sua política para o envelhecimento no conteúdo de um documento lançado em 2002, intitulado "Envelhecimento Ativo, um Marco Político".

O texto define "envelhecimento ativo" como o "processo por meio do qual se possam otimizar as oportunidades para saúde, participação e segurança, de modo a assegurar qualidade de vida à medida que se envelhece".

Tais recomendações assumem significado ainda mais relevante se considerarmos que, em 2008, o Estatuto do Idoso, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, completará a emblemática marca de cinco anos.

Sua meta - lembram-se? - era justamente ampliar os direitos e a qualidade de vida dos cidadãos com idade acima de 60 anos. No papel, é muito mais abrangente do que a Política Nacional do Idoso, de 1994.

O estatuto institui penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da terceira idade. Isto inclui o Estado, ao qual devemos cobrar ações efetivas, mas também a sociedade, que tem responsabilidades inalienáveis quanto à vida dos brasileiros que envelheceram.

kicker: Devemos cobrar ações efetivas não só do Estado, mas da sociedade

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 3) ANTONIO CARLOS BRAGA DOS SANTOS* - Presidente do Age Seniors Center)

e posteriormente no Saúde Business Web,

O ano novo para o velho

por Antonio Carlos Braga dos Santos*

30/01/2008

Quando se analisam estratégias e ações relativas à qualidade de vida dos velhos, não se pode limitar o pensamento às obrigações do Estado

Santos: "O Brasil vai deixando de ser um país de jovens"

Em 2008, cerca de 630 mil brasileiros ingressarão na terceira idade. É como se, instantaneamente, brotasse no País um município do porte de Santo André, um dos maiores do Estado de São Paulo, integralmente povoado por pessoas idosas. Hoje, são aproximadamente 18 milhões os habitantes nessa faixa etária, na qual a expansão é de 3,5% ao ano. O crescimento é maior no segmento acima de 80 anos, atingindo 5%.

Entender o impacto desses números no quadro demográfico, social e da saúde é imprescindível no sentido de se estabelecerem estratégias adequadas. O Brasil vai deixando de ser um país de jovens. Delineia-se um cenário muito diferente do que se observava há pouco mais de meio século, quando os octagenários eram 0,5% dos habitantes. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) demonstra que, em 2020, 12% da população brasileira deverá ser de idosos. Isto significará 31 milhões de pessoas, o equivalente ao total de habitantes do Peru ou do Marrocos.

O envelhecimento dos brasileiros, como na maioria do mundo em desenvolvimento, ocorre mais tarde em relação aos países desenvolvidos. Nestes, os habitantes com mais de 65 anos representavam 15% do total já na virada do século. O índice deverá saltar para 27% até 2050. O Japão, que já tem a maior quantidade de velhos no mundo, deverá chegar a 35%. Nas nações pobres, os idosos eram apenas 6% em 2000, devendo chegar a 14% em 2050.

A expectativa de vida nos países desenvolvidos, que entre 1950 e 1955 era de 67 anos, subiu para 79. Nos subdesenvolvidos, a evolução foi de 41 para 63 anos, em média. A proporção de idosos no mundo, hoje de 9%, passará a 14% (delimitador a partir do qual os países são chamados "envelhecidos") em 2018 e, em 2050, deverá ser superior a 25%. Isto ocorre atualmente somente no Japão e na Itália, nações com o maior índice de habitantes da terceira idade. Para entender melhor toda essa transformação, é interessante notar o exemplo da França, onde transcorreram 115 anos (de 1865 a 1980) para se dobrar a proporção de idosos de 7% para 14% da população.

Essas comparações não se limitam à cronologia do processo de envelhecimento. Há uma observação crítica, feita por Alexandre Kalache, o médico brasileiro que, de 1994 a novembro de 2007, chefiou o Programa de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS): "Os países desenvolvidos enriqueceram antes de envelhecer. Países como o Brasil estão envelhecendo antes de serem ricos". Ou seja, o Brasil tem um desafio crucial pela frente: criar condições econômicas e sociais que permitam uma boa qualidade de vida aos idosos, pois, como alertam os números, nos próximos 40 anos haverá crescimento acelerado dessa faixa etária.

Quando se analisam estratégias e ações relativas à qualidade de vida dos velhos, não se pode limitar o pensamento às obrigações do Estado. É necessária a mobilização das famílias e da sociedade para o enfrentamento do desafio. Nesse sentido, deve-se ficar atento às recomendações da própria OMS. A respeitada entidade norteia sua política para o envelhecimento no conteúdo de um documento lançado em 2002, intitulado "Envelhecimento Ativo, um Marco Político". O texto define "envelhecimento ativo" como o "processo por meio do qual se possa otimizar as oportunidades para saúde, participação e segurança, de modo a assegurar qualidade de vida à medida que se envelhece".

Tais recomendações assumem significado ainda mais relevante se considerarmos que, em 2008, o Estatuto do Idoso, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, completará a emblemática marca de cinco anos. Sua meta - lembram-se? - era justamente ampliar os direitos e a qualidade de vida dos cidadãos com idade acima de 60 anos. No papel, é muito mais abrangente do que a Política Nacional do Idoso, de 1994. O estatuto institui penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da terceira idade. Isto inclui o Estado, ao qual devemos cobrar ações efetivas, mas também a sociedade, que tem responsabilidades inalienáveis quanto à vida dos brasileiros que envelheceram.

*Antonio Carlos Braga dos Santos, economista, é presidente do Age Seniors Center.

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e acho interessante compartilhar com vocês.

Em 2008, cerca de 630 mil brasileiros ingressaram na terceira idade. É como se, instantaneamente, brotasse no País um município do porte de Santo André, um dos maiores do Estado de São Paulo, integralmente povoado por pessoas idosas. Hoje, são aproximadamente 18 milhões os habitantes acima dessa faixa etária, na qual a expansão é de 3,5% ao ano. O crescimento é maior no segmento acima de 80 anos, atingindo 5%.

Entender o impacto desses números no quadro demográfico, social e da saúde é imprescindível no sentido de se estabelecerem estratégias adequadas. O Brasil vai deixando de ser um país de jovens. Delineia-se um cenário muito diferente do que se observava há pouco mais de meio século, quando os octagenários eram 0,5% dos habitantes. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) demonstra que, em 2020, 12% da população brasileira deverão ser idosos. Isto significará 31 milhões de pessoas, o equivalente ao total de habitantes do Peru ou do Marrocos.

O envelhecimento dos brasileiros, como na maioria do mundo em desenvolvimento, ocorre mais tarde em relação aos países desenvolvidos. Nestes, os habitantes com mais de 65 anos representavam 15% do total já na virada do século. O índice deverá saltar para 27% até 2050. O Japão, que já tem a maior quantidade de velhos no mundo, deverá chegar a 35%.
Nas nações pobres, os idosos eram apenas 6% em 2000, devendo chegar a 14% em 2050.

A expectativa de vida nos países desenvolvidos, que entre 1950 e 1955 era de 67 anos, subiu para 79. Nos subdesenvolvidos, a evolução foi de 41 para 63 anos, em média. A proporção de idosos no mundo, hoje de 9%, passará a 14% (delimitador a partir do qual os países são chamados “envelhecidos”) em 2018 e, em 2050, deverá ser superior a 25%. Isto ocorre atualmente somente no Japão e na Itália, nações com o maior índice de habitantes da terceira idade. Para entender melhor toda essa transformação, é interessante notar o exemplo da França, onde transcorreram 115 anos (de 1865 a 1980) para se dobrar a proporção de idosos de 7% para 14% da população.

Essas comparações não se limitam à cronologia do processo de envelhecimento. Há uma observação crítica, feita por Alexandre Kalache, o médico brasileiro que, desde 1994, chefia o Programa de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS): “Os países desenvolvidos enriqueceram antes de envelhecer. Países como o Brasil estão envelhecendo antes de serem ricos”. Ou seja, o Brasil tem um desafio crucial pela frente: criar condições econômicas e sociais que permitam uma boa qualidade de vida aos idosos, pois, como alertam os números, nos próximos 40 anos haverá crescimento acelerado dessa faixa etária.

Quando se analisam estratégias e ações relativas à qualidade de vida dos velhos, não se pode limitar o pensamento às obrigações do Estado. É necessária a mobilização das famílias e da sociedade para o enfrentamento do desafio. Nesse sentido, deve-se ficar atento às recomendações da própria OMS. A respeitada entidade norteia sua política para o envelhecimento no conteúdo de um documento lançado em 2002, intitulado “Envelhecimento Ativo, um Marco Político”. O texto define “envelhecimento ativo” como o “processo por meio do qual se possam otimizar as oportunidades para saúde, participação e segurança, de modo a assegurar qualidade de vida à medida que se envelhece”.

Tais recomendações assumem significado ainda mais relevante se considerarmos que, em 2008, o Estatuto do Idoso, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, completará a emblemática marca de cinco anos. Sua meta - lembram-se? - era justamente ampliar os direitos e a qualidade de vida dos cidadãos com idade acima de 60 anos. No papel, é muito mais abrangente do que a Política Nacional do Idoso, de 1994. O estatuto institui penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da terceira idade. Isto inclui o Estado, ao qual devemos cobrar ações efetivas, mas também a sociedade, que tem responsabilidades inalienáveis quanto à vida dos brasileiros que envelheceram.